Ou melhor, esquece-me. Esquece que um dia eu fui tudo para ti. Esquece os planos, as memórias, e o nosso amor. Esquece que já fomos dois em um, como aqueles produtos que se vendem no supermercado. Esquece que já fugimos da realidade e instantaneamente fizemos dos sonhos as nossas vontades. Esquece que me esqueces-te. Esquece que nos transformamos. Mas se não puderes esquecer, finge. Finge que os nossos dedos ainda podem entrelaçar perfeitamente uns nos outros. Finge que o frio que sinto só pode ser coberto pelo calor do teu corpo. Finge que vais sorrir quando me vires a sorrir também. Finge que nós podemos fazer com que as coisas voltem a ser como dantes. Finge que me queres, agora. Finge que ainda te lembras de nós. Finge que não apagas-te a nossa história. Finge que não mudas-te. Finge que ainda existe um pouco de nós. Finge que desejas com que isto passe de ser apenas fingimento.  Finge que ainda sentes. Por favor, acredita. Acredita que ainda há muito à espera de nós os dois. Acredita que tempo nenhum vai ser suficiente para apagar as memórias de antigamente. Sabes quem é que está a escrever isto? A mesma pessoa que já significou um mundo inteiro. Mas não um mundo qualquer. Eu fui o teu mundo.